terça-feira, 13 de maio de 2008

TESTEMUNHO


Chamo-me Paulo, gosto de sobremesas, andar de carro, brincar com o meu filho, dar prendas...Você não deve estar a perceber nada, mas isto são coisas que hoje eu gosto tenho prazer em faze-las e trabalho para elas. O que eu não gosto já te digo; é que tenho uma doença chamada adicção, sou seropositivo, e tenho hepatites. Comecei a usar drogas e álcool aos 12 anos no Brasil pois lá nasci, hoje tenho 35 anos, penso que comecei a usar drogas por ter medo de enfrentar as dificuldades que qualquer adolescente tem ao crescer e a droga deu-me segurança e coragem na altura para enfrentar a vida.Começei pela cola, erva e ai a cocaína até hoje esse nome mexe comigo. E então aos 22 anos vim para Portugal, estava eu no auge dos meus problemas com a cocaína quando minha família enviou-me para cá pensando talvez que aqui não “houvesse droga”, E que por sinal já me tinham remetido para outros destinos (Canada,E.U.A e etc...) acabou sempre igual, problemas e expulso destes países, mas cá em Portugal eu descobri a minha “heroína” e junto com ela conheci uma realidade que nunca pensei que eu chegasse. Foram roubos, maltratos à família, dormir na rua, estacionar carros, limpar vidros de automóveis nos semáforos apanhar da policia e etc...Se você esta pensando que eu escrevo isto da boca para fora que isto não acontece, a verdade é que eu também pensava que isto só acontecia com os outros, mas não, viver para o próximo caldo, sem pensar nos meios para atingir os fins.Varios tratamentos pelo meio, desintoxicações, promessas e mais promessas e nada. Eu já não acreditava e começava a acreditar que não havia saida.Veio um filho, uma companheira eu que pensava que o filho ia ser a minha salvação até numa alcofa levei meu filho para os bairros de uso. Vieram então as outras doenças Sida, hepatites para dar-me mais motivos para eu ser um coitadinho. Só faltou mesmo vender minha mãe, e um dia minha companheira disse-me que ou saia eu ou ela ia embora com o meu filho. Até hoje o meu conselheiro me diz que eu quando entrei para tratamento, eu já não queria usar drogas e álcool eu só não sabia como. E foi através do R12, através da equipe “humana” que lá trabalha (cozinheiras, monitores, conselheiros, pessoal administrativo) que eu em cerca de 4 meses fui aprendendo que era capaz de viver de forma honesta e digna. Que sou capaz de amar e ser amado e hoje “só por hoje” vão quase dois anos que eu vivo, acarinhando as doenças e 2ªs doenças...

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